quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Desenvolvimento Tecnológico e Matriz Energética Brasileira

A discussão sobre a matriz energética brasileira quase sempre esbarra no problema de diversificação de fontes. No entanto, não é esse o debate correto porque não se trata de discutir de maneira isolada as fontes de energia e sim as tecnologias de conversão, o uso final da energia propriamente dita, do impacto ambiental gerado por uma fonte especifica e a sustentabilidade da exploração da fonte definida. 


São as tecnologias de conversão e a viabilidade que permitem que determinadas fontes se tornem mais aplicáveis que outras. Tem sido assim em toda a história, desde o engenho a vapor às turbinas a gás, plataformas marinhas para extração de petróleo, motores a combustão interna, geradores e outras tantas tecnologias. Foram às tecnologias capazes de converter energia primária em serviços necessários, de maneira eficiente e com menores custos, que determinam a gradual substituição de um sistema por outro. Na verdade são as tecnologias que competem e não as fontes de energia. Tanto é, que apenas no século XIX a biomassa foi ultrapassada pelo carvão e depois, já no século XX pelo petróleo, e mais posteriormente pelo gás natural, devido a maior aplicação em formas utilizáveis de energia. 
A preocupação mundial, relacionada às mudanças climáticas e aquecimento global, coloca em pauta a questão ambiental, e nesta, a exploração predatória e não sustentável dos recursos, considerando ainda o impacto da utilização dos mesmos, ganha destaque. Por isso, a pesquisa de desenvolvimento tecnológico é especialmente importante no caso do aproveitamento do potencial de algumas fontes de energia renováveis disponíveis no país, particularmente a biomassa, que além de participar de forma estratégica na matriz energética, com geração de eletricidade e combustíveis para transporte, produz ainda resíduos agroindustriais com potencial para agregação de valores. 
A agregação de valores à sub-produtos agroindustriais ganha forças, e pode ser apontada como uma saída, na discussão que se instaura frente a possível competição entre alimentos e combustível líquidos, já que para a produção tradicional do mesmo requer-se em geral, áreas de cultivo extensas, o que pode também agravar a questão do desmatamento.
A cana de açúcar (principal fonte para o etanol) representa o campo tecnológico mais desenvolvido do país. Trata-se aqui, de pesquisas de melhoramento genético, produção agronômica e de engenharia agrícola, processamento industrial e ampliação do mercado de usos.
No aproveitamento de resíduos, a produção de energia elétrica por intermédio da queima do bagaço, também já é realidade em unidades de processamento da cana no país.
Portanto, a participação desses co-produtos na matriz energética nacional, só serão possíveis a medida em que as tecnologias de conversão forem disponíveis e competitivas, de forma a serem preferidas pelos serviços de geração de energia e aceitas pelos consumidores. 



Veja também
Uma Avaliação das Atividades Recentes de P&D em Energia Renovável no Brasil e Reflexões para o Futuro
The energetic revolution seculo XXI

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