“O veneno está na mesa” é um documentário, dirigido pelo cineasta Silvio Tendler e apresentado em Brasília nesta ultima semana na “Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida”. Acabei o encontrando em um post do Coluna Zero, juntamente com outro vídeo sobre agricultura no país (esse, já visto. Trata-se de uma campanha da Basf agricultura).
Vale ressaltar que segundo Tendler, ele é apenas um "cineasta que conseguiu por na tela todo um movimento que se desenrola no país", que buscam garantir a qualidade de vida da nossa população. E que cineasta! O documentário é bom, é informativo. Nada mais. Na verdade gostei mais das falas de Tendler, onde ele demonstra que é necessário tentar pensar no todo, e não em pontos e dados em separado como quando diz “não podemos esquecer o eucalipto, o deserto verde que destrói a terra e consome toda a água para produzir papel” ou quando cita como somos expert em exportar as commodities para então importar os produtos acabados.
O filme começa com uma ‘critica’ onde o Br aparece como o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Dedutível quando se avalia as estatísticas. Estamos falando do país que tem de 1/3 do seu PIB, 38 % da mão-de-obra e 42% das exportações oriundas do ‘fenômeno’ do agronegócio. E o que é o ‘agronegócio’? É o conjunto de negócios que se relacionam com a agricultura, mais basicamente com a produção de alimentos/comida, dentro da visão econômica. Pois bem, é ingênuo achar que os rumos e as ações de mercado mudem, avaliando-se os fatos.
A ‘espécie’ de denuncia sobre as operações de gigantes no setor químico, como Bayer, Basf, Dow e especialistas em sementes como Syngenta, Monsanto e outras parece mais como a busca por ‘um bode expiatório’. Acho tendenciosa a apresentação do documentário bem quando se comemora o Ano Internacional da Química, e o foco fique nas empresas que representa o setor, embora no fundo creia que poucos atentam para o fato! Bizarro? Nem tanto. Apenas mais uma verificação que estamos habituados a fragmentar, pegar pontos em isolados e tentar achar, por intermédio dele, uma resposta para o todo.
Voltando ao filme. Ele aborda o uso de transgênicos (superficialmente) e erros e falhas humanas discorrendo sobre os fatos e os fins, sem se aprofundar nos meios pelo os quais eles formam alcançados. Na verdade, o que mais me chamou a atenção (e também foi relacionado pelo Coluna Zero) foi a relação (equivocada) entre produção de alimentos, agricultura orgânica, código florestal e empresas químicas! Vejamos: os defensivos agrícolas servem para maximizar a produção em áreas já plantadas e destinadas ao cultivo. A polêmica do Novo Código Florestal envolve novas áreas de cultivos, em suma, novos desmatamento e anistia aos já desmatados. A agricultura chamada orgânica envolve produções relativamente pequenas quando compara a demanda requerendo portanto, mais espaço. E as empresas? Desenvolvem produtos em busca de eficiência para um determinado processo, ou seja, uma passagem do que se tem, para o que se busca, maior e melhor produtuvidade. Parece que elas são as únicas que mantêm-se fieis ao seu prpósito inicial.
Existe sim, um planeta faminto, que precisa ser alimentado. Existem os recursos naturais que precisam de atenção especial, as áreas verde que necessitam de preservação e uma boa dose de industrialização para não ficarmos dependentes. E por que não, uma sinergia entre tomadores de decisões, formadores de opinião e desenvolvedores técnicos?
Porque culpar a industria química e de certa forma, os nelas trabalham, é quase como querer fechar os aeroportos porque aviões caem!